quarta-feira, 20 de maio de 2009

Biografia: Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir nasceu a 9 de janeiro de 1908, em Paris. Teve uma infância tranqüila e marcada pela dedicação aos estudos. Georges de Beauvoir estimula em sua filha o culto à literatura, incutindo-lhe a idéia “de que não havia no mundo nada mais belo que ser escritor”. Françoise de Beauvoir partilha com o marido o amor aos livros e estimula Simone a escrever histórias. Aluna extremamente dedicada, tudo interessa e causa profunda admiração a Simone, que demonstra uma curiosidade ilimitada. Durante toda a guerra ela não falta um só dia às aulas. Beauvoir adora estudar, por trás da vontade de aprender há o desejo de conquistar o mundo através do tempo e do espaço.
Na escola, estava sempre em primeiro lugar, junto com a amiga Elizabeth Mabille ("Zaza"), de espírito cáustico, cínica, Zaza ridicularizava todo mundo com prazer, inclusive a si mesma. Desprezava a humanidade, que lhe parecia pouco apreciável e demonstrava desprezo ainda maior pelas pessoas que só respeitavam o dinheiro e as dignidades pessoais. Toda a hipocrisia a revoltava. Simone ouve sua nova amiga deslumbrada, pois Zaza se atrevia a dizer bem alto o que Beauvoir apenas pensava. Desenvolve um profundo sentimento de amizade por Zaza, amor-admiração que modifica fortemente sua visão de mundo, fazendo-a se tornar mais audaciosa, segura de si e insubordinada.
Em 1919, em virtude de problemas financeiros, a Família de Simone precisa deixar o imóvel do boulevard du Montparnasse por outro bem mais modesto, na rue de Rennes. As relações entre Beauvoir e seu pai ficam tensas, o ambiente familiar pesado. Ela começa a perceber as contradições de Georges de Beauvoir, cada vez mais amargurado e arrogante, chegando a ser hostil com as filhas, sobretudo com Simone.Aos 15 anos — já não mais acreditando em Deus — ela tem plena consciência do que será quando crescer: "uma escritora", não hesita em afirmar quando indagada a respeito. Em meio a constantes conflitos de ordem familiar, esta certeza lhe dá grande segurança interior.
Simone passa com a menção bien no bacharelado de Latim-Letras e com menção très bien no bacharelado de Matemática Elementar. Decide que será professora até se tornar escritora. O pai de Beauvoir não se opõe a suas modestas pretensões, já que o magistério representa segurança, entretanto, sente-se humilhado acreditando que a filha é a encarnação de seu próprio fracasso. Ele considera Simone pobre e feia demais para arranjar marido, e, na época, o casamento era algo fundamental na vida de uma mulher. Por causa das idéias do pai, Simone torna-se uma jovem oprimida por sua inteligência fora do comum. Georges de Beauvoir acaba pressionando a filha a obter não apenas 2 licenciaturas, mas 3: Letras, Matemática e Filosofia. Simone matricula-se no Institut Catholique para conseguir um diploma em Matemática, e no Institut Sainte-Marie de Neuilly para a licenciatura em Letras.
Em 1926 entra para a Sorbonne e dedica-se com afinco ao estudo da Filosofia, que fortalece sua tendência em conceber o mundo em sua totalidade. Obsedada pela finitude da vida, Simone tem apenas um lema: vencer depressa. Em 1928, concluída a licenciatura em Filosofia, decide preparar sua admissão por concurso ao título de professora-titular de nível superior, verdadeiro desafio para uma aluna da Sorbonne.Conheceu Jean-Paul Sartre também aluno da Sorbonne, no ano de 1929, e logo uniu-se estreitamente ao filósofo e a seu círculo, Sartre e Simone estão apaixonados entretanto, em vez de pedi-la em casamento, ele lhe propõe um pacto no qual monogamia e mentira não teriam lugar. Sartre acredita que antes de serem amantes, eles eram escritores, e como tal precisariam conhecer a fundo a alma humana, multiplicando suas experiências individuais e contando-as, um ao outro, nos mínimos detalhes. Entre Simone e Sartre o amor seria necessário, com as demais pessoas, seria contingente. Beauvoir aceita o pacto, pois ele está de acordo com suas próprias convicções.
Em seu primeiro romance, A convidada (1943), explorou os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual, temas que abordou igualmente em romances posteriores como O sangue dos outros (1944) e Os mandarins (1954), obra pela qual recebeu o Prêmio Goncourtet que é considerada a sua obra-prima. As teses existencialistas, segundo as quais cada pessoa é responsável por si própria, introduzem-se também em uma série de quatro obras autobiográficas, além de Memórias de uma moça bem-comportada (1958), destacam-se A força das coisas (1963) e Tudo dito e feito (1972). Entre seus ensaios críticos cabe destacar O Segundo Sexo (1949), uma profunda análise sobre o papel das mulheres na sociedade; A velhice (1970), sobre o processo de envelhecimento, onde teceu críticas apaixonadas sobre a atitude da sociedade para com os anciãos; e A cerimônia do adeus (1981), onde evocou a figura de seu companheiro de tantos anos, Sartre.